Tatiana Schnoor - 29/03/2007 - 19:31
O Brasil entrou para o calendário internacional de eventos sobre perícias em crimes cibernéticos devido aos altos índices de ataques de worms, invasões, scans e fraudes. Só no primeiro semestre de 2006, foram feitos quase 78 mil tentativas de invasão, segundo o balanço do Comitê Gestor da Internet no Brasil. Já os dados da Polícia Federal mostram que a cada dez quadrilhas de hackers no mundo oito são brasileiras. Em função disso, o Brasil sediará em novembro deste ano a ICCyber 2006, III Conferência Internacional de Perícias em Crimes Cibernéticos.
Novo profissional
Diante deste quadro, surge no Brasil um tipo de profissional que poderia até ser comparado ao personagem de caçador de andróides no filme "Blade Runner", - que é o perito ou especialista em crimes cibernéticos. A diferença para o que acontece hoje em dia é que a investigação do crime e a perseguição dos bandidos acontecem na Internet. "Qualquer movimento que se faça na Web deixa rastro. Pode até demorar um pouco para encontrar a pessoa, mas ela é achada", afirma Paulo Quintiliano, perito-chefe criminal em Ciência da Computação da Polícia Federal.
Quem quer entrar nesse mercado deve ter formação, preferencialmente, em Ciência da Computação. Depois de formado, um dos caminhos é o setor público e o outro é o privado. Para atuar no setor público como perito criminal federal, nomeado por um juiz, é preciso fazer concurso público. A outra opção é tornar-se um especialista/investigador particular que trabalha para grandes empresas ou em parceria com escritórios de advocacia na parte civil.
"O crescimento da mobilidade fez explodir a demanda por esses especialistas que atuam entre a área de TI e a de direito. Ter conhecimento dos dois lados é essencial por que os crimes praticados na Internet são julgados com base no Código Penal", diz o Giuliano Giova, diretor do IBP, Instituto Brasileiro de Peritos em Comércio Eletrônico e Telemática.
Preparar-se para ser um caçador cibernético depende de muito estudo e dedicação, ressalta o consultor de segurança Victor Hugo Menegotto, da Axur Information Security (www.axur.com.br), empresa brasileira de consultoria e desenvolvimento de soluções para gestão de segurança da informação. A companhia oferece o Curso de Forense Computacional onde os alunos aprendem como exibir as funcionalidades de softwares e ferramentas utilizadas durante um processo de perícia e a maneira de abordar os procedimentos que devem ser tomados no início de um processo de perícia.
Para Juliana Abrusio, advogada sócia do escritório Opice Blum, o mercado ainda está em formação. "O número de crimes cibernéticos cresce a cada dia e não há mão-de-obra suficiente para coibir os casos. Fora isso, quem já está no mercado de trabalho ainda não tem experiência suficiente", diz Juliana que também é professora do curso de Direito Digital na Universidade Mackenzie.
Quem comete os crimes cibernéticos
Por trás dos crimes cibernéticos, estão, na maior parte, crianças com idade a partir dos 10 anos, que já começam a usar a Internet para praticar atos ilícitos como propagar códigos maliciosos. "Em muitos casos, essas crianças têm cobertura dos pais, que desconhecem o que elas estão fazendo. Os responsáveis acham que seus filhos são gênios da computação", explica Paulo Quintiliano, da Polícia Federal. "Antes, a inspiração dessas crianças era participar de gangues cibernéticas que disputavam entre si o território virtual. Agora, houve uma evolução para grupos que querem tirar vantagem financeira das pessoas como roubar senhas para fazer saques bancários", diz.
Tipos de crimes mais comuns
Exploração sexual de crianças pela Internet, fraudes contra entidades financeiras, terrorismo cibernético, divulgação de informações criminosas por meio da Internet, difamação, calúnia pela Rede.
Metodologias de investigação
A inteligência da perícia policial tecnológica usa metodologias correlatas à investigação de campo para encontrar os criminosos virtuais. Para isso, compartilham bancos de dados entre as representações da Polícia Federal nos estados, usam de criptologia, de biometria, de redes neurais artificiais, de reconhecimento de padrões, de processamento de sinais, de prevenção e detecção de intrusão, de processamento de imagens, entre outras.
Evento sobre crimes cibernéticos
O Brasil sediará em novembro deste ano a ICCyber 2006, III Conferência Internacional de Perícias em Crimes Cibernéticos. O evento será realizado juntamente com a First International Conference on Forensic Computer Science (ICoFCS 2006), que é um evento criado para estimular a comunidade científica a fazer pesquisas para a Ciência da Computação Forense.
O evento é promovido e coordenado pela Diretoria Técnico-Científica do Departamento de Polícia Federal, por meio do Serviço de Perícias em Informática do Instituto Nacional de Criminalística. Neste ano a ICCyber acontecerá nos dias 6 a 8 de novembro de 2006 no Blue Tree Brasília. As inscrições já estão abertas. Informações pelo site http://www.iccyber.org/2006/index.htm
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